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Saúde Emocional do Homem I




Por que os homens apresentam tanta dificuldade em buscarem ajuda? Em se “mostrarem”, em se permitirem, em aceitarem suas fragilidades e seus sentimentos? Por que cargas d’agua não realizam preventivos? Não cuidam da saúde física, da saúde psicológica e da vida emocional? Que dificuldade é essa que o homem tem de cuidar de si?

Dados do IBGE mostram que homens vivem cerca de 07 anos a menos que as mulheres e essa diferença é justificada por fatores socioculturais e resistência aos cuidados médicos preventivos.

De acordo com o site do Ministério da Saúde, existem muitas informações sobre a saúde masculina que mostram que os homens se cuidam muito menos, muito mesmo, se comparados às mulheres. Em 2014, ocorreram 361.577 óbitos de pessoas na faixa etária de 20 a 59 anos no Brasil. Analisadas por sexo, 68% dessas mortes foram de homens. Muita dessas mortes precoces poderiam ter sido evitadas por meio de condutas médicas preventivas.

Encontramos ainda dados que nos revelam o quanto a agressividade e violência presente no universo masculino é perigosa e prejudicial à vida. Aproximadamente 95% das mortes provocadas por disparo de arma de fogo ou de arma não especificada ocorrem em homens. A esmagadora maioria de internações por lesões, traumatismos cranianos, ou outras causas externas são de homem. Basta olhar no youtube a quantidade de homens que se aventuram nas mais absurdas brincadeiras como forma de afirmarem sua masculinidade.

Percebemos que o homem se coloca mais em perigo como forma de autoafirmar sua potência, sua força, sua falsa noção de indestrutibilidade. E quanto mais jovem, mais evidente é a necessidade de se autoafirmar de maneira nociva.

Acho que já conseguiram observar que ser homem, por si só, já é um fator de risco. Não apenas por se colocarem mais em situações de risco e violência, mas também pela dificuldade em buscar ajuda médica e psicológica. Parece que o homem busca esse auxílio somente quando o desconforto ou a dor se torna insuportável. Vamos considerar também que o homem se automedica muito e, quando falamos em medicação não nos referimos somente às farmacêuticas, mas também a todas as drogas lícitas como álcool e cigarro e àquelas ilícitas como maconha, cocaína, craque, entre outras. O masculino apresenta maior tendência em anestesiar a dor por meio de estados alterados de consciência que, inevitavelmente, provocarão outras complicações de saúde física e psicológica.

O processo de socialização ao qual o masculino é submetido em geral é cruel e o molda a se comportar de determinada maneira: homem foi “feito” para prover o lar, proteger a mulher e os filhos, aprendeu que homem não é “fresco”, não chora, não depende de ninguém. Ser vaidoso, falar de sentimentos, sentir medo e falar das suas angústias é “coisa de mulherzinha”.

Então, pra você que é homem, saiba que já passou da hora de rever seus conceitos e cuidar da sua saúde emocional, aprender a cuidar melhor de si, para ser um melhor amigo, cônjuge, pai e, quem sabe, viver um pouquinho mais.

Gostariam de ler mais sobre masculinidade e saúde do homem? Sinalizem para mim. Até a próxima. @tiagohenriquepsicologia


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