A
adolescência é uma fase do desenvolvimento humano extremamente importante e
necessária para o adolescente estabelecer sua identidade, contudo, é marcada
por desequilíbrios e instabilidades que geralmente trazem perturbações para os
adultos. O adolescente começa a enfrentar o mundo adulto mesmo sem estar
inteiramente preparado para ele. Já não é mais uma criança com todas as suas
necessidades atendidas. Sua voz, seu rosto e todo o seu corpo está mudando, se
transformando. Suas preocupações também mudam e o adolescente se vê obrigado a
tomar decisões, realizar escolhas e se responsabilizar ativamente diante da
vida.
Aberastury & Knobel (1981) chamam essa fase de síndrome normal da
adolescência por causa das seguintes características: busca de si mesmo e da
identidade; tendência a participar de grupos; necessidade de intelectualização
e de fantasiar; crises religiosas; evolução sexual; atitude social reinvindicatória
com tendência antissocial; muitas contradições; separação progressiva dos pais
e constantes flutuações do humor.
Existem
muitas formas diferentes de adolescência. Não é possível analisar o ser
adolescente sob uma mesma lógica já que também sofrem de várias influências
externas como condição socioeconômica, ambiente familiar e escolar, qualidade
da estrutura familiar, presença de fatores de risco em sua vida, entre outros. Ou
seja, a travessia da adolescência será mais tranquila ou mais difícil de acordo
com as predisposições genéticas, com a saúde do ambiente familiar e o contexto social
da pessoa em desenvolvimento.
Nesse
panorama, os pais enfrentam grandes desafios com seus adolescentes. Os
genitores também tem seus papéis em transformação, deixando de ser pais de
crianças para se tornarem pais de jovens adultos. Sua forma de ser pai, de ser
mãe, deve mudar e isso nem sempre ocorre bem.
Na
clínica é muito comum o atendimento a famílias em que os pais e os filhos se
encontram com a conexão afetiva fragilizada. Às vezes é muito forte o conflito
de opinião entre as gerações, o que provoca desentendimentos dos quais podem surgir
alguns traumas, dificuldades de aceitação e compreensão um dos outros que, por
sua vez, prejudicam a circulação do afeto entre os familiares.
Deixo
duas dicas para os pais: atenção à vida social deles, pois é natural que eles
busquem mais grupos de amigos e o isolamento nessa fase pode ser um alerta para
possíveis transtornos. Segundo, tratem os filhos com o mesmo respeito que
querem para si. Durante a fase da adolescência, entendam que é normal eles
apresentarem mudanças de comportamento, afinal, estão em busca da sua própria
identidade. Muitos acabam se esquecendo disso e tentam definir o futuro dos
filhos de acordo com seus próprios desejos. Os pais, nessa fase, devem tomar
cuidado para não perderem a conexão com seus filhos e, assim, continuarem sendo
referências positivas na vida deles. Para isso, devem estar sempre dispostos a escutar
e compreender o pensamento que seus adolescentes apresentam.
Lembrando
que aceitação e compreensão é diferente de permitir comportamentos
desrespeitosos que machuquem os outros, que sejam cruéis ou antiéticos. Adolescente
continua precisando de limites e orientações. Os pais devem continuar cumprindo
o papel de estimular o senso de direitos e deveres, pois adolescente que cresce
sem responsabilidade, com a mãe ou o pai fazendo tudo por eles, tornam-se adultos
frágeis, inseguros e com dificuldades em assumir a responsabilidade e autonomia
da própria vida. Vão sempre buscar atalhos. Por fim, recomendo fortemente que
cuidem da conexão com os filhos criando e promovendo momentos de lazer, de
trocas, de acolhimento e de aceitação, com muito almoço e jantar em família.
Abraço fraterno!
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